A história do cemitério São João Batista é bastante curiosa. Construído em 1906, pelo prefeito João Batista de Almeida, apelidado de “Juca Brandão”, o cemitério demorou dez anos para ser inaugurado. Isso porque, ninguém morreu durante esse período.
A média de vida da população local era elevada e os registros históricos relatam a salubridade da vila, em que “raros são os casos de moléstias”. Relacionam isso a sua localização, em posição elevada e plana, bem ventilada e, por isso, sadia. Antes mesmo, da descoberta dos benefícios das areias monazíticas, a fama de “cidade saúde” existia.
Ainda assim, a demora na inauguração do cemitério levantou suspeita sobre desvios de verbas públicas em prol da obra. A alternativa encontrada pelo prefeito foi pedir um defunto emprestado para as cidades vizinhas, o que não foi tarefa fácil, visto que diante de um momento de dor, ninguém queria ceder o ente querido para uma inauguração. Somente em 1916, com o falecimento de uma andarilha, em Benevente, a localidade vizinha cedeu a dita defunta, aos apelos do prefeito.
Além do fato, tornou-se célebre um trecho do discurso proferido por um vereador local na cerimônia de inauguração: “Guarapari é um país calmoso e hereditário, onde se respira o ar por consequência, vindo de um lado do oceano marital e de outro lado pelo oceano matagal”. Referente à localização do município, entre o Oceano e a Mata Atlântica.
O episódio inspirou o enredo da novela “O bem amado”, de Dias Gomes, que criou o personagem Odorico Paraguaçu, prefeito da cidade de Sucupira, baseado em Juca Brandão, prefeito de Guarapari.
Texto: Thiara Bernardo Dutra - Doutoranda em História / UFES
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