RUÍNAS DA ANTIGA MATRIZ NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO
Em 1674, Francisco Gil de Araújo, rico fazendeiro da Bahia, comprou a capitania do Espírito Santo dos antigos donatários. O seu interesse era aproveitar a posição estratégica do Espírito Santo para explorar o “sertão” em busca de esmeraldas e metais preciosos. Mas, ao chegar em terras capixabas, ele se deparou com o “péssimo estado” da capitania.
Na aldeia de Guaraparim a situação não era diferente, Francisco Gil de Araújo encontrou o lugar “arruinado”, sem cadeia, casa de Câmara e Santa Casa de Misericórdia. Diante dessa situação, efetuou várias obras na localidade, “pondo-a num bom estado”.
As “ruínas” são exemplos das construções durante o governo de Francisco Gil de Araújo, que no ano de 1677 mandou edificar uma igreja dedicada à Nossa Senhora da Conceição, pois a capela que havia estava arruinada. Os reparos feitos pelo donatário na localidade contribuíram para a elevação da Aldeia de Guarapari à condição de vila. Sendo essa, a primeira igreja matriz da vila de Nossa Senhora da Conceição de Guaraparim.
Inicialmente, a população arcou com a manutenção de um sacerdote que, apenas em 1732, passou a receber a côngrua, uma pensão dada aos padres. A igreja serviu como matriz até 1878, quando diante da deterioração física, o Inspetor de Obras Públicas da província do Espírito Santo, Maximino Maia, ordenou a transferência dos objetos de culto da matriz para a “igreja do antigo convento dos jesuítas”. As Ruínas da Igreja de Nossa Senhora da Conceição têm sua história marcada por intrincadas conexões com a “igreja dos jesuítas”.
Localizada em sítio elevado, face a face com a igreja jesuítica de Nossa Senhora da Conceição, ambas estão ligadas pela rua da Matriz. Posicionada em um plano típico da tradição eclesiástica, visando se destacar frente ao entorno, os vestígios que resistiram à passagem do tempo apontam o significativo nível de comprometimento e investimento na construção do templo, percebidos por meio dos seus elementos arquitetônicos, como o precioso labor artesanal de seus ornamentos, construída em alvenaria de pedra e tijolo.
As “ruínas” são um bem cultual, de natureza arquitetônica, tombado pela resolução nº 11/1989 do Conselho Estadual de Cultura, e constituem importante patrimônio histórico e afetivo do município de Guarapari.
Texto: Thiara Bernardo Dutra - Doutoranda em História / UFES
