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Antiga Matriz

IGREJA DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO

A formação de aldeamentos em Guarapari foi resultado de acordos realizados entre Vasco Fernandes Coutinho, donatário da capitania do Espírito Santo, lideranças indígenas dos Tupiniquins (cacique Pirá-Obig ou Peixe Verde) e dos Temiminós (cacique Jaguaraçu ou Cão Grande), por volta de 1556 a 1558, com o intermédio dos jesuítas. Os indígenas prestaram bons serviços aos povoadores nas “guerras” travadas com outras tribos, como os Goitacazes.

Mesmo com indígenas aldeados, a localidade não contava com a assistência regular de missionários, era visitada por padres das aldeias da Conceição e de São João, atual Serra. Em 1569, o padre jesuíta José de Anchieta chegou ao Espírito Santo encarregado de examinar os aldeamentos existentes e fundar novas aldeias. Em 1580, como provincial da Companhia de Jesus no Brasil, Anchieta determinou a presença regular de missionários na localidade.

Possivelmente, foi a partir dessa data, que se iniciou, a construção da pequena capela e residência para os padres em missão e para que os índios recebessem os sacramentos. A construção da igreja no alto de uma colina foi resultado da transferência dos índios aldeados por Cão Grande para um novo e definitivo sítio, mais elevado e junto à foz do rio Guarapari. A escolha de uma localização estratégica era algo importante para os jesuítas, exemplificado pelo posicionamento da igreja e do poço para o abastecimento de água, aos fundos da residência.

A fundação da igreja, em 8 de dezembro de 1585, representa a inserção de Guarapari no projeto colonizador. Com devoção inicial à Sant’Ana, a inauguração foi celebrada com festa e, para a ocasião, José de Anchieta escreveu o auto “Na aldeia de Guaraparim”, exclusivamente na língua brasílica. O texto, considerado o mais indianista do teatro anchietano e de estrutura literária mais perfeita, em virtude da riqueza do vocabulário e da fluência do diálogo, revela a presença dos Temiminós, o interesse na catequese e a padroeira da aldeia, Nossa Senhora da Conceição.

A Igreja entrou em processo de arruinamento, ao longo do século XVII, devido a importância adquirida pela aldeia de Reritiba, atual Anchieta. Reconstruída, em 1751, pelo Arcediago Antônio de Siqueira Quental, sob a invocação de Nossa Senhora da Conceição e do Sagrado Coração de Jesus, sendo a primeira igreja do mundo a ter essa consagração, antes de o culto litúrgico ser aprovado pela Santa Sé. Após o falecimento de Quental, utilizada esporadicamente, a edificação sofreu progressiva deterioração. Apenas em 1878 foi ordenado a reforma da “igreja do antigo convento dos jesuítas”, sendo reinaugurada na condição de Matriz Nossa Senhora da Conceição, em 1880, e mantida até 1971.       

Apesar das intervenções sofridas, ao longo do tempo, a obra não foi descaracterizada. De sua primitiva construção, são testemunhas as espessas e sólidas alvenarias de pedra e cal e os telhados de duas águas, cobertos por telhas capa-canal. Composta por elementos da arquitetura quinhentista, junto com o barroco frontão, a alvenaria e a cobertura são exemplos de conexão histórica da igreja de Nossa Senhora da Conceição de Guarapari. Registro da configuração jesuítica no Espírito Santo, a igreja apresenta fachada com a típica tríade de janelas sobre o coro, e uma torre única externa, uma exceção no Brasil. Além disso, abriga o museu sacro com peças que datam do século XVIII.

A Igreja de Nossa Senhora da Conceição é considerado patrimônio nacional, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN, em 1970, sendo zelada também por aqueles que ainda congregam nessa igreja.

 

Texto: Thiara Bernardo Dutra - Doutoranda em História / UFES

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